Segundo a Abic, diversos fatores contribuíram para esse aumento expressivo. Entre os principais estão:
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“Nos últimos quatro anos, a matéria-prima aumentou 224%, e o café no varejo aumentou 110%. No último ano, a variação de preço ao consumidor do café torrado e moído foi de 37,4%, um aumento maior que a média da cesta básica [2,7%]”, destacou o diretor.
Ainda assim, os repasses ao longo do ano passado foram inevitáveis, e a expectativa é de que os preços sigam em alta nos próximos meses.
A Abic prevê que o preço do café pode sofrer novos reajustes nos próximos três meses, variando entre 15% e 20%. Entretanto, há a expectativa de que a partir de abril os preços possam se estabilizar, caso a produção nacional tenha um bom desempenho e as condições climáticas sejam favoráveis.
Mesmo com o aumento dos preços, o consumo de café no Brasil continuou em crescimento. Em 2024, o consumo interno aumentou 1,11% em relação a 2023, atingindo 21,9 milhões de sacas — o equivalente a 40,4% da safra brasileira do ano.
O Brasil se mantém como o segundo maior consumidor de café do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. No entanto, no consumo per capita, os brasileiros bebem mais café do que os norte-americanos: cada pessoa consome, em média, 6,26 kg de café cru por ano, ou 5,01 kg de café torrado e moído.
O café continua sendo um dos produtos mais importantes da mesa dos brasileiros, mas o seu preço elevado tem gerado desafios para consumidores e para a indústria. Segundo os dados da Abic, a maior parte do consumo de café em 2024 está concentrada na região Sudeste.
O café é a segunda bebida mais consumida no Brasil, ficando atrás apenas da água, e tem um papel fundamental na cultura e nos hábitos alimentares dos brasileiros. Com a alta nos preços, o impacto no consumo é evidente, levando muitas famílias a adotarem estratégias para economizar.
O doutor em economia e professor da Universidade Mackenzie Hugo Garbe explica que esse aumento nos preços pode gerar um fenômeno conhecido como “efeito substituição”, em que os consumidores buscam alternativas mais baratas.
“Primeiro, as pessoas tentam consumir uma marca de café um pouco mais barata, que muitas vezes tem até uma qualidade duvidosa”, afirma Garbe. Ele ressalta que, para muitas famílias, o custo elevado também resulta em uma redução no consumo da bebida.
“As famílias tendem a diminuir a quantidade de café que consomem ou até colocar menos pó na mistura para render mais”, explica o economista. Segundo ele, essa mudança de comportamento reflete a relevância do café na cesta básica e o peso que seu preço tem no orçamento dos brasileiros.
A indústria de café torrado faturou R$ 36,82 bilhões em 2024, um crescimento de 60,85% em relação a 2023. No entanto, esse aumento no faturamento foi impulsionado principalmente pela alta dos preços, enquanto as margens de lucro das indústrias seguem pressionadas pelos custos elevados da matéria-prima.
“Apesar do desempenho positivo, a indústria teve que lidar com um aumento de mais de 116% no custo da matéria-prima. Mesmo diante da necessidade de repassar parte desse impacto ao varejo, o setor adotou uma estratégia cautelosa e conseguiu transferir apenas 37% do reajuste ao longo do ano”, explicou Celírio Inácio.
Além disso, a busca por qualidade e certificação tem sido um fator essencial para manter a competitividade no setor. Em 2024, a Abic certificou 278 novos produtos, um crescimento expressivo em categorias como cafés especiais (85%) e gourmets (17%).
Victoria Lacerda, do R7, em Brasília
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