Ainda segundo o promotor, a decisão de pedir a prisão de Suel foi com base em informações de que ele continuava se desfazendo de provas, e também por indícios de participação em atividade de organização criminosa. “Tudo isso foi levado em consideração no nosso pedido, que foi atendido pelo Judiciário”, informou.
Milícia
O superintendente da PF no Rio de Janeiro, Leandro Almada, informou que foi apurado ainda a participação de Suel e Lessa em ações da milícia. No caso de Lessa, segundo Almada, já foi noticiado que ele participava de um grupo de extermínio e exploração de TV por assinatura ilegal em comunidades. “A suspeita existe, mas o diagnóstico do envolvimento nesse nível e qual exatamente no que tange a todo o contexto do fato criminoso, a gente vai exaurir dessa prova para que possa determinar com a certeza necessária isso aí”, explicou.
A Operação Élpis, que resultou na prisão do ex-bombeiro é a primeira fase da investigação que apura os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves.
Segundo Leandro Almada, “a novidade na apuração do caso é a delação, que não ocorreu por acaso, mas é fruto de muito trabalho da PF e do Ministério Público de revisitar todas as provas”.
“Nós melhoramos o arcabouço probatório para que a gente pudesse ter essa linha estratégica de uma delação, e a versão apresentada foi corroborada depois com um levantamento, e essa é a parte primordial. Não adianta a gente receber a informação por si só. A colaboração só tem efeito quando é corroborada”, disse o superintendente em coletiva na sede da PF.
O que foi divulgado nesta segunda-feira pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, sobre a Operação Élpis, é parte do que foi apurado até agora. O restante está mantido em sigilo para aprofundar as investigações.
“Foi um trabalho iniciado no mês de fevereiro, e hoje a gente entende que do ponto de vista investigativo e de estratégia, que a gente divulgue essa primeira fase desse trabalho que diz respeito exclusivamente à investigação da mecânica do crime, execução e planejamento imediatamente anterior, os atos preparatórios e executórios desses crimes”, disse o superintendente Leandro Almada.
O assassinato da vereador e de seu motorista completou cinco anos, e ainda é feita a pergunta: Quem mandou matar Marielle? Para o superintendente da PF, embora seja uma fase inicial das apurações, foram obtidas provas que confirmam o que Élcio Queiroz contou em delação.
“É uma fase do trabalho que ainda não terminou, mas a gente conseguiu carrear provas muito consistentes para reforçar o trabalho anterior que já vinha sendo feito e não tinha conseguido ser concluído”, disse Leandro Almada, acrescentando que essas provas, entre outros pontos, esclarecem como foi a mecânica do crime.
A Operação Élpis é a primeira realizada após o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, ter pedido, em fevereiro, a instalação, pela Polícia Federal, de um inquérito para investigar em trabalho conjunto com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), as mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes e a tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, a assessora da parlamentar.
De acordo com o superintendente da PF, o trabalho teve apoio importante do Departamento do Sistema Penitenciário Nacional (Depen) e do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Conforme Almada, a equipe da PF nas investigações conta com nove agentes.
O coordenador do Gaeco do MPRJ, promotor de Justiça Fábio Corrêa, disse que “o anunciado hoje é resultado de muita perseverança e responsabilidade” e que essa etapa “é fruto de um trabalho silencioso de cada um dos profissionais que passaram desde o início das investigações”.
“Todo trabalho tem sido desenvolvido de forma muito constante e harmoniosa do MPRJ com a PF, e assim deve seguir dando uma sinalização muito clara que as instituições estão buscando e oferecendo respostas de um crime tão emblemático e, principalmente, em relação ao crime de homicídio, que é um dos crimes mais graves, senão o mais grave no nosso ordenamento jurídico”, disse.
Depoimentos
Já prestaram depoimentos à Polícia Federal Dênis Lessa, irmão de Ronnie Lessa; e Edilson Barbosa dos Santos.
O delegado Guilhermo Catamby informou que pretendia ouvir, ainda nesta segunda-feira, Maxwell Simões Corrêa e a mulher dele. Ainda segundo o delegado, apesar de terem recebido uma intimação para comparecerem à Superintendência da Polícia Federal, eles não foram porque não era coercitivo.
Agência Brasil